Autora: Malika Oufkir e Michèle Fitoussi
Editora: Companhia das letras – 366 páginas
O livro é a biografia da pequena Malika, filha do general
Mohammed Oufkir. Conta sua vida no Marrocos, desde que foi separada de seus
pais para ser criada por um soberano, passando por sua prisão desumana, até sua
sonhada conquista de liberdade, ainda que relativa, quando se trata de feridas
tão profundas.
O livro é dividido em duas partes distintas, a primeira parte é suntuosa, cheia de luxo, vestidos, festas e até atores hollywoodianos, a segunda é angustiante, dolorosa, penetrante em suas descrições do cárcere, tendo em comum apenas e tão somente um profundo sentimento de solidão.
O livro apesar de escrito por uma jornalista francesa é todo escrito em primeira pessoa, acaba sendo um mergulho na cultura marroquina, rica em detalhes da vida do rei, e suas esposas, concubinas e filhas. Mas não em demasia a ponto de cansar o leitor.
Eu me senti praticamente dentro do livro, aproveitei os bons momentos, chorei com Malika. E rezei quando percebi como pode ser grande a maldade humana.
Recomendo para quem gosta de história reais, de força e
superação. Quem gostou do diário de Anne Frank, com certeza irá gostar desse livro.
Ele também serve muito bem para quem pensa em desistir da
vida no primeiro obstáculo, a força de Malika impressiona, pois ela passou de
uma princesinha para uma lutadora, mesmo quando lhe tiraram tudo, e lhe
prenderam em uma jaula insalubre, ela ainda depositou suas esperanças no poder
das histórias enredadas pela sua imaginação, tornando-as um bálsamo para todos
os seus companheiros de cela, a sua família.
“A gente ia ao apartamento que Irene tinha alugado, dançávamos
sirtaki, bebíamos vodca e champanhe, ríamos, cantávamos e voltamos de madrugada,
de Maserati ou Lamborghini, levados pelo filho do rei Fahd da Arábia ou por um
jovem ator grego Yorgo. Era assim que eu aprendia inglês... (pág 102)
“A cada dois dias, os guardas nos traziam o pão em caixas de
papelão (...) tirávamos num tempo recorde a película que as cobria. Ela nos
servia para anotar as histórias que eu contava (...)
Um dia, quando estava ocupada tirando o papel, vi as três
meninas lambendo no chão as migalhas que caiam da caixa. A partir daí,
instaurei uma regra. Em vez de brigar como vira–latas elas teriam direito, cada
uma num dia, à “sua vez” de comer as migalhas.” (pág 193)
As
escritoras:
Malika Oufkir, filha de Mohammed e Fátema Oufkir, foi presa,
junto a sua família por 20 anos após seu pai morrer ao liderar um golpe de
estado,tentando derrubar o rei Hassan II.
Nossa, história sofrida. Afff, estou dando um tempo de histórias assim, rsrs...
ResponderExcluirGostei da resenha!
Beijos!!!
Ahhh, sou a Flávia do Skoob, tb participo do grupo Desafio Literário.
O site que organiza o desafio desafiante abriu um autolink para postar as resenhas.