sábado, 27 de abril de 2013

A Rosa do Inverno



Editora:  Essência

Essa resenha faz parte de dois desafios, O desafio literário 2013(abril, estação do ano) e o desafio Hot 2013.

Conheci esse livro quando aderi ao desafio hot. E aproveitei para inseri-lo no desafio literário.(estava lendo Um Espião Que Saiu do Inverno, mas tava muito chato!)

Bem, apesar de ser do desafio hot, eu definitivamente não o enquadro nessa categoria, apesar de algumas cenas serem sexualmente explícitas, são muito poucas e no contexto hétero-monogâmico-normativo, e claro com muito amor e virgindade.

Quando comecei a ler confesso que me encantei, tinha tudo para se transformar num dos meus livros favoritos, mas não... me deixou a desejar, no quesito hot, no quesito romance, no quesito feminismo (que prometia) no quesito político(de liberal, para uma dona de casa encantada com o luxo).

A narrativa é boa, algumas cenas são realmente empolgantes, mas, é mais do mesmo. E apesar do livro ter narrativa de romance de banca, o preço é de obra-prima literária. Talvez por causa dos outros livros da autora, esse foi o primeiro livro que li dela e tinha grande esperanças, já que já ouvi muitos elogios, talvez ela seja mais original no gênero fantasia. 

O começo do livro é encantador, com cenas maravilhosas, diálogos interessantes e cheio de paixão e com muitos temas a serem desenrolados que infelizmente foram esquecidos no desenrolar do livro, e é desse começo que retirei esses quotes, e confesso apesar de não muito entusiasmada com o livro só por essas cenas, posso dizer: valeu a pena o ter lido.

“Muito antimonarquista, my lord. Não quer ter nada a ver com a aristocracia. Diz que os nobres são os responsáveis pela falta de reformas que ajudariam o povo. Diz que são os conservadores que mantêm as massas na pobreza abjeta, de forma que 1% da população possa desfrutar de 99% da riqueza. Diz que os donos de terra como o senhor não são nada além de imprestáveis e desocupados, que não pensam em mais nada além de caçar e se envolver com prostitutas…” Interrompendo-se, constrangido, Sir Arthur olhou rapidamente para a viscondessa. “Minhas desculpas, Lady Ashbury.” (pág 15)
Descrevendo uma mocinha, com opinião, sensata, e politicamente posicionada. O tema não foi desenrolado.

“E essa…” Edward engoliu seco. “Essa mulher. Ela não tem um marido a quem se possa apelar em nome da racionalidade?” (pág 16)
Homens racionais, e mulheres irracionais? A autora teve inspiração pra colocar em seus personagens falas machistas e antiquadas, que apesar de ultrapassadas ainda são repetidas sem que a maioria se de conta do que implica.

"Uma liberal! Deus o livre das mulheres com excesso de instrução! O que tinha aquele vigário na cabeça ao deixar a filha ler jornais? Ela não deveria nem saber a diferença entre liberais e conservadores. Não era de surpreender que fosse uma solteirona e estivesse condenada a continuar assim, se o que ela havia despejado nos ouvidos de Herbert era um exemplo da sua técnica de conversação." (pág17)
Essa parte já diz tudo, o casamento é o objetivo final e é claro que homens não querem mulheres instruídas e nada dóceis. A obrigação de ser analfabeta (funcional e politicamente) já não é exigida tanto, mas a docilidade submissa da mulher...

“Não vou fazer nada disso!”, exclamou o Sr. Richlands. “Eu não me rebaixaria para ajudar uma mulher tão devassa que não pode manter as pernas fechadas o suficiente para se recuperar de um parto.” (esqueci de pegar a página e tô com preguiça de procurar)
É um vigário falando da prostituta da vila, em ocasião, se não me engano, do nascimento do décimo sexto filho dessa. Mentalidade não muito diferente de todas as pessoas “de bem” que culpam a mulher e se esquecem de o homem também participa da concepção.

“Apenas um pouco do uísque de turfa, destilado bem aqui em Applesby. Qual é o problema? É um pouco forte para você?” “Forte?” Os olhos de Edward lacrimejavam. “É como beber ácido sulfúrico…” “Bem, talvez seja um gosto que a gente adquire com o tempo. Eu bebi isso a vida toda.” Como que para ilustrar o que dissera Pegeen se serviu de mais um copo.”Para mim, é leite materno. Quer mais um?” (pág 47)
Uma mocinha que bebe? Não deixa de ser inovador.

Infelizmente, personalidade só no começo da estória.

domingo, 21 de abril de 2013

Tormenta, muito bom





Livro: Tormenta – 392 páginas
Autor: Lauren Kate
Editora: Galera Record


Esse é o segundo livro da série Fallen, e ao contrário do último eu amei, gostei de Luce, dos novos amigos e principalmente do novo ambiente.

Muitas das perguntas deixadas pelo primeiro livro foram respondidas, e de forma muito interessante, e bem coerente, como os anunciadores.

Todos nós leitores ávidos formamos as imagens dos personagens em nossas mentes, e aconteceu algo bem diferente comigo nesse livro, imaginei os personagens como mangás, o primeiro foi o Cam, e depois o resto se seguiu e encaixou tão bem que fiquei imaginando se alguém já teria transformado a história do livro em quadrinhos, pesquisando descobri que existe um mangá chamado Fallen, com imagens belíssimas, mas não são as histórias do livro e nem mesmo inspirada nele. Se eu soubesse desenhar com certeza já teria feito uns rascunhos.

Achei maravilhosa a crítica feita à eterna (?) dicotomia bem/mal, como se essas fossem as únicas
opções, se esquecendo que existe entre elas uma extensa gama de tons de cinza (não é um trocadilho!).
Pessoas boas são capazes de atos maus, assim como uma pessoa vil pode ser capaz de um ato de bondade. O mal e o bem são como disse Cam, sobre ele e Daniel, duas faces de uma mesma moeda.

“(...) Continuou Shelby. -  Quero dizer quem diz que Lúcifer é tão mau...
- Hmm, todo mundo? - interrompeu Miles, olhando para Luce em busca de apoio.
- Nada disso! - exclamou Shelby.- um grupo de anjos muito persuasivos, tentando manter o status quo. Só porque eles venceram uma grande batalha há muito tempo, acham que têm o direito...”(pag 290)

(update: Não sem se ter a ver mesmo ou se é viagem insana da minha mente, mas Luce e Lucífer, sabe nomes tão parecidos, a autora se inspirou ou tem algo no próximo livro, curiosidade)

Esses tons de cinza também são vistos nos relacionamentos de Luce e os garotos, ela tem um amor eterno e arrebatador com Daniel, mas se encantou por Cam no primeiro livro e no segundo entra em cena o doce e meigo Miles (só pra deixar claro sou Team Miles.) As dúvidas amorosas adolescentes tomam outra proporção nesse livro, podem mudar o rumo dos acontecimentos, mas não é assim na vida real também?

Rolou pelo livro também alguns questionamentos sobre a relação amor/cumplicidade, o quanto dá para amar aquele a quem não conhecemos? Como não amar aquele que está do nosso lado, que nos faz rir, e que nos ampara? O amo é suficiente por si só ou a convivência é quem decide o que é melhor?

“Será que ela teria a chance de uma vida normal, um relacionamento com alguém, casar, ter filhos e envelhecer, como o resto do mundo?” (pag 243)

E o quanto um amor pode machucar, Luce acaba se confrontando com o fato de que suas diversas mortes machucaram muitas pessoas, pais, mães, irmãos, amigos. O quanto isso tudo deveria valer frente a um grande amor?

O livro é quase um diário, mas uma vez o tempo decorrido nele é bem curto, o que faz a narrativa ágil. Acho que os dois livros poderiam ser volume único, e aí o volume Fallen se tonaria um começo muito, muito chato de um bom livro.
Ansiosa para ler as continuações....


terça-feira, 16 de abril de 2013

Desafio Hot 2013



Hehe, participando de mais um desafio.
Agora é o Desafio Hot, um livro caliente por mês até agosto, 5 livros para esquentar a vida, hehe, super afim.
Bem aqui estão os livros que escolhi:


A rosa do inverno – Patricia Cabot – No Skoob
A História de O –  Pauline Réage – No Skoob
Cinquenta tons de cinza – E. L. James – No Skoob
A vida sexual e Catherine M. –  Catherine Millet – No Skoob
Contos de fadas eróticos – Nancy Madore – No Skoob

Quem quiser participar as regras, listas e resenhas, estão AQUI.




sexta-feira, 12 de abril de 2013

Agência número 1 de mulheres detetives




Livro: Agência número1 de mulheres detetives - 240 páginas
Autor: Alexander McCall Smith
Editora: Companhia das letras



Essa resenha faz parte do desafio realmente desafiante, item número 15 , um livro com capa feia.
Eu não gostei particularmente da capa desse livro por que o comprei esperando um livro de suspense/ detetivesco e achei que a capa não passava essa ideia, além da paisagem tão árida e diferente das que costumo ver.
Ainda não é uma das minhas capas preferidas mas aprendi a gostar dela. Pesquisando achei essa outra capa desse mesmo livro e simplesmente amei, pena que não o achei para
comprar....

Bem, vamos a resenha...



Demorei a ler esse livro, ele ficou parado na minha estante por um bom par de meses, mas quando o peguei para ler ele me conquistou no primeiro parágrafo literalmente, me entreguei a leitura desse livro com uma volúpia que a muito não tinha, a narrativa é gostosa, as palavras bem escolhidas, os personagens principais cativantes. Queria muito ser amiga de Mma Ramotswe, uma mulher de princípios, com uma inteligência e um instinto ímpar. Uma mulher que ama Botsuana, sua pátria e sua gente.

“Mma Ramotswe tinha uma agência de detetives na África, (…). O patrimônio da agência era: uma pequenina van branca, duas escrivaninhas, duas cadeiras e uma velha máquina de escrever(...)Uma agência de detetive precisa de mais alguma coisa? Agências dependem de intuição e inteligências humanas, ambas bem presentes em Mma Ramotswe. Mas esses são itens que ninguém jamais pensa em incluir num inventário, é claro.”(pág 9)

A aparência da protagonista já ganha por si só vários pontos, ela transgride o senso comum das heroínas modernas, ela é negra e gorda, ela está no outro extremo das mocinhas , ela é forte e agente da ação do livro, tanto intelectualmente, desafiando os costumes se tornando a primeira detetive mulher de Botsuana, quanto fisicamente, se disfarçando, atirando, e entrando no jogo para resolver os casos que lhe chegam.

O livro cita algumas vezes o nome de Agatha Christie, como grande fã dela que sou, fiquei fascinada com a singela homenagem, e claro percebe-se que a escrita da grande rainha do crime influenciou e muito o autor, mas esse não tentou copiar o estilo, ele criou o seu próprio, sua própria cadência, e fez bem.

Um tema que percorre vários trechos do livro é o machismo, um assunto espinhoso, tratado de uma forma leve mas sem esquecer de dar a devida importância. Adorei as lembranças escolares de Mma Ramotswe, principalmente no castigo que ela e a professora infligem a um pequeno projeto exibicionista  de machista. Queria que mais mães, professor@s, e etc... também coibissem atos assim, cortando o mal pela raiz.

“Mas pior que tudo era que ele desabotoava a calça, apontava aquilo que os meninos têm e ficava esperando que ela olhasse, Ela não gostava disso, não era algo que devesse acontecer numa escola dominical, E afinal de contas, que havia de tão especial naquilo? Era algo que todos os meninos tinham.(...) Não fazem ideia do ridículo que é.”(pág 43)

“(…) Eles a tratavam com um desprezo calado, uma vez que eram pessoas de outro tempo, aferradas à crença de que uma mulher abandonada pelo marido quase sempre merecia o destino que lhe coubera. Elas tinham que acolhê-la, sem dúvida, porém mais por obrigação do que por afeto.”(pág 37)

E claro que tem romance, só que ele não é ponto central da trama, mas é um romance tão fofo, tão platônico e delicado, que é difícil não se apaixonar pelo galante enamorado.

O livro é o primeiro de uma série, mas infelizmente, parece que só dois livros foram traduzidos e publicados no Brasil, a notícia boa é que a série virou série, rs, saiu do papel e se transformou num seriado de TV, também não achei com legendas traduzidas, mas vale a pena assistir uns trechos, pelas paisagens e claro pela Jill Scott (também cantora) que interpreta a protagonista.

Recomendo para quem gosta de suspense, policial, para quem adora se deleitar com uma leitura gostosa e aconchegante, mas nem por isso superficial dos problemas sociais atuais.
Esse livro me conquistou totalmente...

                                                     O autor:
R. Alexander "Sandy" McCall Smith , CBE , FRSE , (nascido em 24 de agosto de 1948) é um Rhodesian escritor nascido na Escócia e professor emérito de Direito Médico na Universidade de Edimburgo . No final do século XX, McCall Smith tornou-se um respeitado especialista em direito médico e bioética e serviu em comitês britânicos e internacionais preocupadas com essas questões. Ele se tornou conhecido internacionalmente como um escritor de ficção
                                                                                                                       Fonte: Wikipédia, imagens do Google